sábado, 27 de fevereiro de 2010

TORRADAS QUEIMADAS

TORRADAS QUEIMADAS!


Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.

Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.

Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:

" - Amor, eu adoro torrada queimada..."

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:

" - Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada.... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro!"

O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

Essa é a minha oração para você, hoje. Que possa aprender a levar o bem ou o mal colocando-as aos pés do Espírito Santo. Porque afinal, ele é o único que poderá lhe dar uma relação na qual uma torrada queimada não seja um evento destruidor"

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.

Não ponha a chave de sua felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio. Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração dele; você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua.

As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse. Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as fez se sentir.

Beijo grande... Muita Paz e muita luz..






AS COISAS QUE QUEREMOS E PARECEM IMPOSSÍVEIS SÓ PODEM SER CONSEGUIDAS COM UMA TEIMOSIA PACÍFICA...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

TESTEMUNHO DO ATOR PEDRO SARUBBI DO FILME PAIXÃO DE CRISTO



Cultura

Dentro daquele olhar

Capturado por um olhar. Arrastado por uma beleza jamais imaginada. Pedro Sarubbi, ator italiano, girou o país para contar sua história de conversão após participar do filme A Paixão de Cristo, dirigido por Mel Gibson

por Valéria Gomes Lopes

Entre os dias 26 de setembro e 05 de outubro, centenas de pessoas tiveram a possibilidade de escutar, estupefatas, a paixão de Barrabás. Ou melhor, o testemunho da conversão do ator Pedro Sarubbi, que interpretou o malfeitor – o primeiro a ser salvo pela Paixão de Cristo. Os encontros foram promovidos pelo Movimento Comunhão e Libertação em parceria com Centros Culturais e Universidades em dez cidades do país.
Sarubbi contou como foi completamente capturado pelo olhar misericordioso e apaixonado de Jesus sobre o seu personagem que, misteriosamente, o alcançou e o perturbou de tal maneira que, após a gravação de sua minúscula cena, não conseguira fazer mais nada: toda a sua mente, todo o seu sentimento, toda a sua pessoa, enfim, tinha sido tragada por aquele olhar. Assim como Barrabás, Sarubbi carregava uma raiva dentro de si, uma insatisfação, um sentimento de falta, de vazio, que nada era capaz de preencher. Tudo ia bem: profissionalmente era um homem bem-sucedido; vivia há quinze anos com Maria e tinha com ela três filhos saudáveis, inteligentes; convivia com muita gente animada e louca, mas não era feliz. O convite de Mel Gibson para o papel o desconcertou: como iria interpretar um personagem que aparecia por menos de três minutos e que não tinha uma fala sequer? Se ao menos fosse Pedro, com uma participação em quase todo o enredo e, conseqüentemente, um bom cachê! Para o ator, não havia diferença entre fazer bandido ou santo – aquilo era um trabalho, nada além disso. Contudo, a experiência de trabalhar com um diretor, que afirmava “Você é o meu Barrabás! A sua raiva da vida vai mudar com esse personagem; Barrabás é como um cachorro raivoso, mas será o primeiro a ser salvo por Jesus”, era, ao mesmo tempo, surpreendente e desafiadora. Esta foi a descoberta de Sarubbi: o nome Barrabás, cuja etimologia significa “o filho do pai”, tornou-o filho.
Durante um ano, após o fim da filmagem, Pedro Sarubbi tentou fugir daquele olhar, mas Cristo continuava a chamá-lo por meio de tantos e diferentes fatos: o telefonema inesperado de um jovem padre de Comunhão e Libertação, que lhe falou de Giussani, fundador do Movimento, e do quanto ele chamava a atenção de todos para o olhar apaixonado de Cristo por cada um; o convite do padre para um jantar; a surpresa de também serem convidadas cerca de trezentas pessoas; a atenção silenciosa e compenetrada daquelas pessoas enquanto lhes contava sua história; a liberdade do padre de lhe dar um forte tapa nas costas quando dissera ser amasiado com Maria com quem teria seu quarto filho. Surpreendentemente, ali uma mudança já se revelava – Sarubbi considerou o tapa do padre como sendo a manifestação do amor de um educador que mostra a direção ao seu educando. Aquelas pessoas tão diferentes, mas, ao mesmo tempo, tão naturalmente unidas suscitaram-lhe uma pergunta: o que as mantém juntas? A resposta implacável de um jovem foi decisiva: o amor por Cristo e o fato de sermos amados por Ele primeiro. A partir dali, Pedro Sarubbi desejou se agarrar àquelas pessoas. Depois de um ano de convivência com esta companhia, freqüentando a Escola de Comunidade todas as quartas-feiras à noite, casou-se na Igreja, foi crismado, batizou os filhos e se rendeu, completamente, a esse amor.
No meio cinematográfico, se o ator é identificado pelo pertencer à Igreja, não serve mais para o cinema. Diante dessa possibilidade, Sarubbi foi categórico: “Se eu não for mais chamado para o cinema por causa de Cristo, não tem problema. Perderei o cinema, mas já ganhei a minha vida”. Ao testemunho oferecido com tanta simplicidade, gratuidade e beleza, cresce a certeza de que “há pessoas e momentos de pessoas para se olhar e seguir”. Obrigada, Barrabás!